O circuito de duplas tem o predomínio de atletas experientes. Tenistas como Leander Paes, 40 anos, e Daniel Nestor, 41, ainda competem em alto nível, conquistando Grand Slams e permanecendo entre os melhores no ranking. Alguns fatores contribuem para esse envelhecimento do circuito:

  • A evolução da preparação física dos atletas, tendo uma maior longevidade
  • Jovens tenistas não jogam duplas o suficiente no juvenil, dificultando e aumentando o tempo para o surgimento de novos talentos
  • A introdução do match tie-break diminuiu o tempo das partidas, assim tornando-se algo menos intenso, ao contrário do que acontece em simples, e mais voltado para a durabilidade, aumentando o tempo de competição do atleta
  • Leva tempo para achar um parceiro que encaixe com seu estilo de jogo e que possa competir com você nos torneios

A soma de todos os fatores acima resultam em um trabalho de longo prazo, justificando a alta média de idade dos atletas. É possível observar na tabela abaixo que a maior média de idade pertence ao top 10. Os mais jovens entre os 10 primeiros, Ivan Dodig (28) e Fernando Verdasco (30), também jogam o circuito de simples.

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A média de idade permanece acima dos 30 anos até o top 50, a partir de onde abaixa e só volta a ficar acima no 61-70, no qual fazem parte tenistas experientes como André Sá (36) e Frantisek Cermak (37). A média mais baixa pertence à faixa 71-80, onde os croatas Mate Pavic (20) e Marin Draganja (22) aparecem, sendo também os mais jovens do top 100.

Os croatas, aliás, representam bem o caso de jovens tenistas que são melhores em duplas do que em simples, mas que ainda possuem algumas dúvidas em relação ao futuro. Draganja teve fraco desempenho em simples, já que seu melhor resultado em 2013 foi uma segunda rodada de um future. Pavic joga simples com mais frequência e melhores resultados do que seu compatriota, sendo o atual 359 do mundo. O interessante no caso de Pavic é que, apesar de ter ganho apenas um future em simples este ano, sua premiação acumulada foi muito próxima da conquistada nas duplas, no qual foi campeão de seis challengers e chegou em outras duas finais, conquistou um título e uma final em futures e final no ATP de Zagreb. A diferença da premiação foi de apenas cinco mil dólares, assim, apesar de resultados piores, simples ainda é uma melhor opção financeira para quem está começando.

Já que o assunto é idade, notei alguns fatos relacionados com idade nas duplas em 2013:

  • As duplas também são utilizadas pelos simplistas como modo de pegar ritmo de jogo, treinar jogo de rede e se divertir. Podemos notar a presença de 35 simplistas dentro dos 100 melhores duplistas. Dodig, Verdasco, Stepanek, Granollers e Roger-Vasselin são os mais ativos, mostrando melhores resultados e estando entre os 20 melhores do mundo. As mudanças de regras da ATP, como a diminuição do terceiro set para o match tie-break e a possibilidade de entrar na chave de duplas com o ranking de simples facilitaram a transição de alguns dos simplistas, mas ainda sim é um problema, já que são mais partidas para serem disputadas. Ivan Dodig, por exemplo, jogou 116 partidas no ano de 2013, podendo ser muito desgastante e, por isso, sendo justo que apenas os mais jovens consigam disputar os dois circuitos. Se fizermos uma média de apenas os simplistas do top 100 de duplas, esta gira em torno do 27 anos, enquanto se retirarmos estes 35 simplistas e fizermos a média dos outros 65, a média aumenta para 31,2 anos, mostrando que os simplistas ‘rejuvenescem’ o circuito de duplas
  • O tenista mais jovem e sucedido exclusivamente voltado para as duplas é o australiano John Peers que, com 25 anos, encontra-se na 29ª posição do ranking. Peers, junto com o britânico Jamie Murray, fez um ano fantástico, conquistando quatro títulos e terminando a temporada como a décima melhor dupla. Este é apenas o segundo ano em que o australiano joga o calendário completo focado nas duplas, mostrando uma rápida progressão
  • O time mais velho a conquistar um título foi Nestor/Paes em Winston Salem, com 41 e 40 anos, respectivamente
  • Daniel Nestor, assim, é o duplista mais velho a ganhar um torneio. Além de Winston Salem, Nestor também levou nas mistas de Wimbledon, ao lado da francesa Kristina Mladenovic
  • Já o time mais jovem a conquistar um título este ano foi Bagnis/Bellucci. Thomaz, com 25 anos, e Facundo Bagnis, 23, ganharam em Stuttgart
  • Jack Sock é o mais jovem a levantar o caneco nas duplas. Em seus 21 anos, junto a James Blake, conquistou o título de Delray Beach, derrotando Mirnyi/Tecau na final

Apesar de novos talentos, como Peers, estarem surgindo, o predomínio dos mais experientes por muitos anos mostra que é necessário ser paciente e que há muito o que aprender com o circuito. A idade do auge de aproveitamento dos duplistas gira em torno de 30 anos, como aconteceu com Bruno Soares este ano. Idade não é apenas um número, mas também um determinante.

O eterno Daniel Nestor está aí para provar que experiência é sim determinante na maioria dos casos. Apesar de um ano ruim, com muitas trocas de parceiros e apenas um título, o canadense terminou a temporada dentro do top 25, de onde não sai há 13 anos. Leander Paes também entra nessa lista. Em seus 40 anos, Paes tornou-se o campeão de Grand Slam mais velho da história da era aberta com a conquista do US Open e já declarou que disputará os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, quando terá 43 anos. Pelo jeito, essa tendência dos trintões/quarentões campeões seguirá por muitos anos. Longa vida ao circuito de duplas!

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