Não sou jornalista. Aliás, eu não sei muito bem o nome da minha futura profissão, afinal, curso Esporte. Quem se forma em Esporte é o que? Esportólogo? E mesmo que fosse jornalista, torcer é humano. Hm, que maneira estranha de abrir um texto.

Bem, eu precisava escrever alguma coisa sobre isso. ‘Isso?’ Vocês sabem muito bem o que é ‘isso’. Para quem me acompanha no twitter ou seja lá onde for, sabe que uma das minhas maiores paixões no tênis é Robert Lindstedt. Comecei a gostar dele por um motivo extremamente besta: Robert é um grande amigo de Robin Söderling, meu tenista favorito. Foi meio que inevitável não acompanhá-lo. Tenho uma tendência muito forte de gostar de pessoas com personalidades parecidas com a minha. 7 anos depois, cá estamos.

Foto: Michael Dodge/Getty Images
Foto: Michael Dodge/Getty Images

A vida de Robert tem sido um drama desses ano pra cá. Depois de altos e baixos e parcerias que não saiam do lugar, encontrou o romeno Horia Tecau, com quem continuou por três anos e que chegou ao fim em 2012. Nesses três anos, fizeram três finais em Wimbledon, todas acabando em vice-campeonato. Imaginem a dor de ser três vezes vice. Chegar na última etapa e bater na trave. A última foi a mais dolorida, eu diria. Pelo menos para mim. As duas primeiras foram justificáveis: a primeira final de Slam, assim, nos primeiros meses de parceria, é assustador. A segunda final foi contra os Bryan, e, sabe como é, são os Bryan. A terceira foi contra os convidados Frederik Nielsen e Jonny Marray. Os convidados haviam vencido 5 de 6 partidas em 5 sets. A final, claro, não foi diferente. Foi frustrante, para dizer a verdade. Diria injusto, mas Freddie e Jonny mereceram, e não quero ser… bem, injusta com eles.

Frustrante. Essa palavra também define o ano seguinte, 2013. Foi necessário respirar novos ares, mas, ao lado de dois grandes atletas, Nenad Zimonjic e Daniel Nestor, não conseguiu engatar. Terminou o ano jogando com vários parceiros diferentes e com a sensação de que faltava algo. Faltava mesmo.

Ser campeão de grand slam aos 36 anos traz um novo sentido a vida. Recomeço? Maior motivação? 36 anos é uma idade avançada em qualquer esporte. Sabemos que nas duplas isso é comum, porém é preciso ter um cuidado extra com físico, conforme o tempo passa. E é aí que a pré-temporada entra. 2014 parecia promissor desde o começo. A pré-temporada foi diferente, iniciada antes e extremamente focada. O trabalho pelo mês de dezembro seguiu com Ali Ghelem, uma das pessoas que mais sou grata no tênis, pela dedicação de sempre com Robin Söderling e hoje com Robert Lindstedt.

Mas 2014 não começou muito bem, afinal, estava sem parceiro, já que o austríaco Jurgen Melzer segue lesionado. Após algumas conversas aqui e ali, chegou a conclusão de que Lukasz Kubot seria seu parceiro para Melbourne. Haviam jogado um torneio antes, Masters de Paris, o último da temporada. A estreia foi dura e a derrota veio cedo. Retomaram em Sydney, onde também caíram na primeira rodada. Um sorteio um tanto quanto infeliz, já que as duas derrotas foram para Mirnyi/Tecau e os irmãos Bryan, que dispensam apresentações. Foram para Melbourne sem uma vitória no bolso, mas a confiança estava lá, afinal, sabiam que haviam feito um bom trablho. Kubot, aliás, precisou desistir do acordo que tinha Jeremy Chardy para poder seguir na Austrália com Lindstedt.

Falando nele, Lukasz Kubot possui uma característica muito interessante: o coração de um campeão. Não é necessário muito tempo para perceber que Lindstedt é muito emotivo em quadra. Sua fama, aliás, não é das melhores por esse temperamento forte. E aí que Kubot entra, equilibrando as coisas. O polonês mantém a calma e procura motivar o parceiro a cada ponto. Se você sabe que vai ter alguém ao seu lado, a confiança não cai. Você não quer decepcionar seu parceiro. É trabalho de equipe. E isso, como podemos ver, funcionou muito bem.

Para Melbourne, Robert também pode contar com Jonas Björkman. Amigo e mentor, Björkman sempre esteve por perto, passando seus conhecimentos, que não são poucos, sobre duplas. Ele foi um porto seguro para Lindstedt. Atuou como técnico em todos os treinos, deu segurança a Kubot, que é seu fã confesso, e, principalmente, esteve presente nas partidas, incentivando.

Hoje, aos 36 anos, a recompensa pelo trabalho duro veio. Em Melbourne, Robert pode levantar o que sempre sonhou, o troféu de campeão de grand slam. E ele chorou. “As pessoas dizem que homens não choram,” um jornalista comentou em sua coletiva de campeão. A resposta? “As pessoas estão erradas, então.” Conquistas levam sim, ao choro. Eu, como fã, chorei. E por que ele, um campeão, não pode chorar também?

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Não sei se esse texto fez algum sentido. Fui digitando o que pensava, nem sei o que estou dizendo no momento, são apenas devaneios. Mas se pudesse resumir meus sentimentos em uma frase, provavelmente seria ‘Você não sabe o quanto merece esse título, Robert.’ Ah, como merece.

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2 comentários em “Merecido

  1. Olá Aliny! Gostei muito do teu texto. Eu sou uma fã romena do Robban, estou muito feliz por ele ainda que / embora (não sou experta em português, infelizmente) o título não veio com Horia 😦 A propósito, Horia é o meu romeno preferido – acho que ele é muito modesto e discreto, além de ser óptimo desportista.
    Vou continuar ler teu blog (também aquele de Robban). Felicidades pelo teu blog! Grattis! Felicitări! 🙂

    1. Olá! Eu fiquei um pouco triste pelo título não ser com Horia também. 😦 Gosto muito dele e espero que um título venha logo! Obrigada por ler o blog! 🙂

      (a propósito, o correto ali é ‘que’ mesmo. O português está ótimo! :))

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