O Brasil foi rebaixado para o zonal americano da Copa Davis ao ser derrotado pela Croácia formada por Borna Coric, Ivan Dodig, Franko Skugor e Mate Delic. Um dos destaques do confronto foi a derrota de Bruno Soares e Marcelo Melo para Dodig e Skugor em três sets a um, quebrando a sequência de oito vitórias que a dupla havia na competição.
Sobre o confronto no geral, o primeiro ponto que precisamos definir é que as condições não favoreciam a equipe brasileira, incluindo a dupla, desde o início. A combinação de Florianópolis, uma cidade no nível do mar, com o saibro não era a melhor situação de jogo para os mineiros. O estilo de Melo e Soares é mais efetivo em quadras mais rápidas e nas condições acima as coisas poderiam não funcionar. Segundo, o tipo de jogo que Dodig e Skugor apresentaram é o ideal contra uma dupla como Bruno e Marcelo. O jogo de fundo sólido incomoda, ainda mais junto a um piso lento que dá um maior tempo de preparação para os golpes. Antes que digam, não quero justificar a derrota pelas condições, apenas apresento as cartas.
Na partida em si, os mineiros tiveram um início lento. Apáticos, Bruno e Marcelo entraram em quadra preocupados com uma incógnita: Franko Skugor. O que o gigante croata apresentaria em quadra foi um mistério até o início do jogo, uma vez que pouco se sabia o que sairia da união de Dodig, o parceiro de Melo há quatro anos e que a equipe brasileira conhece muito bem, e Skugor, um tenista que não havia muitas informações disponíveis do seu jogo.
Skugor, aliás, surpreendeu. O croata, que teve seu saque pressionado durante o tempo todo, lidou bem com a pressão, apesar da pouca experiência em Copa Davis. Isso, aliado ao sempre decisivo Dodig, que foi essencial em momentos importantes, equilibrou as condições para os croatas. Enquanto isso, do outro lado da rede, Bruno e Marcelo não aceitaram a situação atípica do primeiro set, no qual não conseguiram confirmar seus saques e levaram o famoso ‘pneu’. Os mineiros lutaram e entraram no jogo no segundo set, fazendo uma boa partida dali em diante.
Saindo do papo técnico, se estamos tão surpresos com a derrota é porque os dois estão trilhando o caminho certo. Não dá para negar que Melo/Soares é uma das melhores (pra mim, a melhor) duplas de Copa Davis da atualidade. São dez vitórias e duas derrotas desde 2010, quando a dupla assumiu o posto na equipe brasileira. Foram oito vitórias consecutivas, cinco anos em que passamos com a certeza de que aquele pontinho de sábado estaria garantido.
É tanta coisa boa, tanto na Davis quanto no circuito, que acabamos ficando desacostumados com a possibilidade de uma derrota, e derrotas acontecem. Os adversários podem jogar melhor, o dia pode ser ruim ou às vezes a sorte está do outro lado, mas uma coisa é certa: luta e garra jamais faltarão. Os mineiros não desistiram e mostraram o porquê de serem considerados favoritos seja lá qual for o time adversário.
Melo e Soares é uma dupla que não precisa provar nada a ninguém, muito menos ser julgada e rotulada por uma derrota que sim, aconteceu. Enquanto alguns buscam um culpado do revés sofrido, os mineiros seguem trabalhando em equipe. O comprometimento em representar a nação sempre será enorme. As condições podem ser adversas, os adversários podem ser difíceis e a viagem pode ser longa. Não importando onde, quando ou contra quem será o próximo confronto de Copa Davis, eles estarão lá, assim como o resto da equipe, entrando em quadra e lutando até o último ponto. Isso é entrega.