A sensação de alívio e de que coisas boas estão vindo por aí não poderia ser maior do que agora. Alívio por finalmente termos visto Bruno Soares levantando o troféu de campeão de Grand Slam em duplas masculinas. Quando Melo ganhou o seu em Roland Garros, a bola foi imediatamente passada para Soares. Não sabíamos quando, mas sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, esse título viria.

Bruno+Soares+2016+Australian+Open+Day+13+sz-Vw41YtQEx

Em 2013, Bruno, ao lado de Alexander Peya, fez o melhor ano da carreira. Só que 2013 também foi o melhor ano da carreira dos irmãos Bryan. Caso não fosse uma daquelas situações em que os melhores da história mostraram o porquê desse título, talvez Bruno e Peya tivessem conquistado um ou dois títulos de Grand Slam. Talvez tivessem chegado no topo do ranking individual. Talvez. Se. Quem sabe. A parceria mais sucedida da carreira de Soares, aquela com quem conquistou metade de seus títulos e de vitórias na vida, bateu na trave no US Open daquele ano, sofrendo com uma lesão nas costas do Peya. Doeu ver o sonho desmoronar.

O destino tem dessas coisas. Talvez não era pra ser naquele momento. Não havia Bryans na final, era a campanha perfeita e com o parceiro sintonizado, mas mesmo assim não deu. A tal da lesão apareceu. Parece clichê, mas a situação ficou como aprendizado. Foi dali que tiraram a experiência de disputar uma final de Slam, de lidar com uma situação diferente e de, principalmente, perceber que aquilo era possível.

O que também doeu foi ver tantas duplas diferentes conquistando títulos e o Bruno ali, esperando a sua vez. Mas paciência sempre foi virtude de um bom mineiro. Após um 2015 apagado, foi a vez de desfazer a longa e sucedida parceria (se quiser saber mais desse fim, clique aqui) e partir para outros rumos. Coincidiu da separação vir justamente na mesma época do convite de Jamie Murray, que também queria refrescar e começar 2016 de um modo diferente. O britânico tinha feito a melhor temporada de sua carreira com duas finais de Grand Slam ao lado do australiano John Peers, mas duplas não é só desempenho em quadra. É sintonia com o parceiro, é companheirismo, é ter uma boa relação com quem você divide a quadra. Um casamento. Bom, o resto nós sabemos que foi uma história digna de conto de fadas.

Voltando pra cá, o tênis brasileiro foi carregado e muito bem representado pelas duplas nos últimos anos. André Sá, Marcelo Melo e Bruno Soares levantaram a bandeira do Brasil internacionalmente e o #brasilnasduplas nasceu.  Com a conquista de Melo em 2015, o respeito cresceu ainda mais, assim como a visibilidade. Mas a mudança de posicionamento das mídias só foi realmente perceptível na quantidade de partidas de duplas masculinas televisionadas pelos canais ESPN durante este Australian Open. Ao todo, foram 15 partidas transmitidas, além de duplas femininas e mistas também terem ganhado o destaque na programação. Mesmo com resistência de parte do público, que queria ver jogo de fulano ou sicrano, o canal bateu o pé e esclareceu que a prioridade ali era prestigiar o tênis brasileiro sempre que possível. Antes do Grand Slam, o Bandsports transmitiu a final de Doha entre Peya/Petzschner e Lopez/Lopez.

Em um mês, tivemos 16 jogos de duplas masculinas na televisão brasileira, um número maior do que o ano retrasado inteiro, por exemplo. O público em geral mostrou interesse e os canais corresponderam, fazendo com que as duplas sejam, finalmente, um produto com investimento no Brasil. Com o país no topo da modalidade e tendo um destaque maior nas mídias, as duplas no Brasil estão começando a tomar outros rumos. O rumo que merece, ao menos.

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