Até agora, 2016 foi um ano curioso. Pela alta expectativa de medalha com Marcelo Melo e Bruno Soares, muitos questionamentos são levantados e giram em torno da preparação que os mineiros escolheram fazer ou dos resultados nos torneios que antecedem os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A maioria acha que deveriam ter disputado mais torneios juntos, os resultados teriam que ser melhores e outras tantas opiniões. Aqui, deixo a minha.

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Foto: Cristiano Andujar/CBT

Acho que, primeiramente, é importante entender as situações e nunca julgar resultados friamente, sendo eles vitórias ou derrotas. Uma das primeiras coisas que são colocadas na mesa para falar da preparação de Melo e Soares são os três torneios que disputaram juntos esse ano: Rio de Janeiro, São Paulo e Washington, além da Copa Davis. Em todos, os resultados não foram o que o público esperou: uma semifinal no Rio, quartas em São Paulo e primeira rodada em Washington. O que esses três torneios têm em comum? Situações.

Por passarem pouquíssimo tempo no Brasil, a demanda por Melo e Soares durante os únicos torneios do país acaba sendo alta. Em torneios da ATP, atender a mídia, ações de marketing e outra coisas do lado de fora da quadra fazem parte, o que pode ser muito cansativo e que também divide o foco, podendo afetar o rendimento. Foi o que aconteceu nas edições deste ano e, francamente, pode ocorrer com qualquer tenista em casa. Em Washington, a dupla saiu do Brasil no domingo, logo após o fim da Copa Davis, chegando na capital americana na segunda pela manhã. A partida de estreia contra a fortíssima e também olímpica dupla formada pelos americanos Jack Sock e Steve Johnson começou às 23h da terça-feira, com os mineiros caindo nos detalhes.

Parecem desculpas, mas são situações que acontecem e que, se formos olhar apenas os resultados, o julgamento será feito da pior maneira possível. Uma derrota não significa uma partida ruim, falta de entrosamento ou qualquer outra circunstância. Você pode perder jogando bem, ainda mais nas duplas, no qual o formato do circuito permite uma maior imprevisibilidade.

Outro ponto que foi muito questionado nos últimos dias foi a quantidade de torneios disputados no ano pela dupla. Claro que toda e qualquer experiência juntos é positiva e agrega, mas também é necessário lembrar que a temporada continua após o fim dos Jogos Olímpicos. Bruno Soares tem um compromisso com Jamie Murray, assim como Marcelo Melo tem com Ivan Dodig. Quando você firma uma parceria, o comprometimento é válido para a temporada e, assim como todos querem uma medalha, também existe uma necessidade de pensar no ano e na disputa do ATP Finals, por exemplo. A vida segue.

É necessário saber dividir a atenção, nenhuma dupla com metas a serem atingidas desistiu de disputar os maiores torneios para focar apenas no Rio. Casos como os romenos Florin Mergea e Horia Tecau, por exemplo, que disputaram muitos torneios juntos na temporada, são de duplistas que estão com a parceria fixa no fim e que não têm mais esperanças de conseguir uma vaga no Finals, como Mergea já declarou. Isso não significa que a prioridade ou a vontade deles com os Jogos Olímpicos seja maior que a dos mineiros.

O comprometimento não deve ser medido pela quantidade de torneios disputados. Jogar três, quatro torneios não significa um menor esforço, chance de medalha ou qualquer que seja o critério no termômetro. Também não é um indicativo de tempo de quadra, já que os treinamentos seguem acontecendo em todas as semanas, estando juntos na chave ou não, e sempre buscando um equilíbrio entre a temporada e os Jogos Olímpicos.

Após tudo isso, pergunto: o que é ‘ir bem’ nos Jogos Olímpicos para vocês? O parâmetro acaba sendo a medalha, querendo ou não, e acabamos caindo em outra área perigosa. Fazer quartas de final num torneio do circuito com uma chave do mesmo tamanho significa ir muito bem, uma boa campanha. Nos Jogos Olímpicos, significa que você chegou perto de disputar uma medalha, mas como não há pontos no ranking ou dinheiro em jogo, também pode significar nada e cair no esquecimento. São medidas que ganham pesos diferentes.

Enfim, a alta expectativa e cobrança é positiva, pois significa que eles estão fazendo algo certo, que estão no mais alto nível do esporte e que o público só espera o melhor deles, vitórias e mais vitórias. Mas acreditem, os mineiros sempre se doam em quadra e estão trabalhando duro para chegarem o melhor possível no Rio. Eles querem essa medalha tanto quanto a gente e vão lutar até o fim. Peço que tenham confiança, pois o trabalho está sendo muito bem feito e eles entregarão o melhor disponível, na vitória ou na derrota. Segue o baile.

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