Passei dez dias nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e foram os melhores dias que uma fã de tênis e de esportes poderia ter. Durante essa jornada, pude ter momentos muito bonitos e outros totalmente inusitados que gostaria de dividir aqui no Match Tie-Break. E vocês, viveram momentos inesquecíveis no Rio também?

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  • Poder conhecer meus ídolos
    Foi o ponto alto do Rio: poder ver Horia Tecau e Marin Cilic ao vivo pela primeira vez. Nunca vi torneios de tênis no exterior e apenas Tecau havia jogado um ATP no Brasil, então o Rio era a melhor oportunidade que eu tinha para vê-los e não poderia ter sido melhor. O romeno vi logo quando cheguei no Centro Olímpico de Tênis, já que sua partida abria a rodada. Após a ficha cair e o jogo ser finalizado, tomei a maior coragem do mundo e levantei pra pedir uma foto. Sem dizer nada além de ‘podemos finalmente fazer essa foto acontecer?’, Tecau abriu um sorriso, me deu um abraço e nos ajeitamos pra tal foto. Não consegui dizer mais nada além de parabéns e boa sorte, num daqueles momentos em que o inglês, o português e a noção não eram mais fluentes. Na partida seguinte, depois de mais uma vitória, um homem pede a munhequeira do romeno. Me levanto da arquibancada para sair e Tecau olha pra mim, olha pro moço e… joga a munhequeira pra mim, deixando o cidadão confuso. Só não digo que me senti mal pelo moço porque foi engraçado demais.

    Com Cilic, fui aos prantos. Pude vê-lo jogar duas vezes antes, pelas estreias nas chaves de simples e duplas, mas o encontro aconteceu em partida contra Radu Albot na segunda rodada, que foi disputada na pequena quadra 7 do complexo. Passei a partida torcendo e ele comemorando em minha direção, já que era a única ali torcendo pelo croata, em meio de tantos moldavos (eis um fim de frase que nunca achei que escreveria). Não tinha entendido que ele sabia quem eu era até o fim da partida, quando começou a distribuir bolinhas para o público. As bolinhas acabaram e o croata olhou pra mim, pedindo que esperasse. Então veio, tirou fotos e perguntou como estava e até quando ficaria no Rio. Respondi feito uma mulher das cavernas, mais mole que maria mole, e então o vi abrindo a raqueteira e procurando algumas coisas. Eis que ele tira uma camiseta e uma toalha e me entrega, agradecendo por todos os anos de torcida. Saí dali em choque, ainda sem entender o que tinha acontecido e então a ficha caiu e chorei. Chorei muito. Meus ídolos são os melhores.

  • A vez em que Catalina Ponor puxou papo comigo
    A ginasta romena e trocentas vezes medalhista olímpica Catalina Ponor passou a primeira semana dos Jogos acompanhando os tenistas romenos e, bem, eu também. Na segunda vez em que nos vimos fazendo parte da mesmíssima torcida, a ginasta perguntou de que parte da Romênia eu era. Ri e disse que não, era brasileira mesmo e que gostava do tênis romeno. Ela e o técnico ficaram surpresos e agradeceram o apoio ao esporte do país, dando um tapinha na minha perna. Já posso dizer que sou best friend da Ponor?
  • A sensação de vazio após Melo/Soares x Mergea/Tecau
    Não lembro de ter sentido isso na vida. Foi um vazio enorme, meu estômago parecia um poço. Não sabia o que fazer, o que dizer ou como agir. Saí desorientada do complexo. É engraçado como o esporte, uma forma de entretenimento e fonte de tantas alegria, pode ser tão cruel também. Muita gente me perguntou para quem eu estava torcendo nessa partida e não titubeei: sim, foi para os mineiros. Horia Tecau pode ser meu tenista favorito, mas se tem uma coisa que prezo nessa vida é gratidão e isso tenho muito pelos mineiros. O tanto que eles me ajudaram e ter a chance de poder acompanhá-los nos últimos anos foi muito especial, mudou muita coisa na minha vida e nada disso seria possível sem eles. Tornaram-se incentivadores, ídolos e amigos. Foi duro ver o sonho olímpico deles sendo adiado por um time formado pelo meu tenista favorito. Foi duro ver a tristeza. Foi duro. Mas o sonho segue.
  • Quando vi uma partida de tênis olímpico com mais outras cinco pessoas
    Sexta-feira, pouco antes da meia noite, Begu/Tecau x Hradecka/Stepanek acontecia na Quadra 1 com seis espectadores, sendo três deles eu e mais dois amigos. Havia mais voluntários, boleiros ou juízes de linha do que torcida presente. Com os voluntários, aliás, fizemos uma mini ola, que contou com a participação dos técnicos de geração de imagens que estavam logo ao nosso lado. Uma ola de cerca de 13 pessoas. O ápice foi quando todos nós acompanhamos a disputa de pênaltis entre Brasil x Austrália do futebol feminino pelo celular de minha amiga.

    Tecau tinha perdido a partida do ouro uma hora antes e foi abatido para as mistas, com direito a três foot faults (realizei um sonho de ver isso ao vivo, aliás) e um warning após isolar a bola para fora do estádio. Quando a partida chegou ao fim, o romeno me deu um tchau e um joinha, agradecendo pela semana. Tudo termina bem, não é mesmo? 🙂

  • Coisas que ninguém merece ouvir
    Todo bom fã de tênis sabe que irá ouvir alguns absurdos nos torneios e no Rio não foi diferente. Na sexta-feira, um grupo de amigos conseguiu protagonizar uma sequência sensacional de comentários. Durante a partida de Kerber, a alemã virou ‘essa loirinha gostosa’. Na de Thomaz Bellucci, todos eles faziam questão de apontar o que o paulista deveria fazer, enfatizando cada erro que cometia. Sobre Maria Esther Bueno, um deles disse que não sabia o que ela tinha feito na carreira para ser comentarista na televisão. Uma pena que não existe tecla mute no dia a dia.
  • Ver André Sá encerrando seu ciclo olímpico do melhor jeito
    O que André Sá jogou no Rio não está escrito na bíblia. Como foi incrível ver o tênis que o mineiro produziu nos Jogos Olímpicos, de arrepiar. Sempre na bola, pressionando os adversários e cobrindo toda a quadra. Em sua quarta participação nas Olimpíadas, parecia estar jogando pela primeira vez. Emocionante ver o experiente tenista parecer um garoto em quadra.
  • O significado das irmãs Williams na vida de muitas pessoas
    Durante a estreia de Venus Williams e Rajeev Ram pela chave de duplas mistas, uma simpática americana sentou ao meu lado. Negra, em seus 40 e poucos anos, torcia fervorosamente pela Venus. Em algum momento, começamos a falar sobre a Williams mais velha. “O que ela fez por nós, mulheres negras, não sei dizer em palavras. Se estou aqui torcendo por ela, é por tudo o que ela e a Serena fizeram pela gente. Pela igualdade que tanto lutaram, pela representação da raça e pela dominância no esporte.” Nunca apagarei isso e os outros vários momentos da memória.
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4 comentários em “Momentos olímpicos

  1. Oi Aliny!!

    É muito engraçada essa internet e como a gente se apega as pessoas! Eu te acompanho no twitter faz uns anos, acho que foi numa das indicações do Cossenza, que eu já seguia… Aí comecei a prestar mais atenção nas duplas, os mineiros começaram a crescer.. Lembro de ter visto o Bruno a primeira vez aqui em SP, quando o Brasil Open mudou pra cá, acho que foi a primeira vez que vi um jogo de duplas. Aí comecei a te seguir e prestar mais atenção. Eu tive a chance de assistir uns torneios de tênis fora daqui e fui gostando cada vez mais de duplas… Fui no primeiro fim de semana pro Rio agora e consegui assistir muitos jogos, principalmente os das quadrinhas (que é tããão mais legal, né?!). Fiquei muito feliz pelas oportunidades que você teve, por conseguir conhecer seus jogadores preferidos e feliz que eles foram tão legais com você! Nessas horas a gente se dá conta que torce pelas pessoas certas, né?! Isso não tem preço!
    Só queria dizer que você faz um trabalho incrível pelo tênis e pelas duplas, é informativo e divertido ao mesmo tempo… Até já peguei gosto pelas cabeçudices dos Romenos!! hahaha

    Com certeza você está no caminho certo, torço pra que você tenha muito sucesso e reconhecimento nessa área pq o principal, que é o amor ao esporte, você tem de sobra!!

    Beijo grande!!

    🙂

    Marcela

    1. Poxa, Marcela, fiquei até sem jeito aqui! Muito obrigada pelas palavras, fico feliz em poder passar um pouquinho do amor pelas duplas, legal poder ler seu relato. Valeu demais por acompanhar e incentivar! 🙂

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