O brasileiro Marcelo Melo, número 1 do mundo no ranking de duplas e parte da melhor dupla da temporada, recebeu a imprensa em São Paulo para um bate-papo. Em entrevista ao Match Tie-Break, o mineiro fez um balanço do ano de 2017, além da amizade com Alexander Zverev, mudanças no tênis e o equilíbrio do circuito de duplas atual.

Após cinco anos ao lado do croata Ivan Dodig, Melo disse que mudanças causam, sim, insegurança, mas que sempre acreditou na parceria com o polonês Lukasz Kubot. “Depois de mais de 5 anos com o Ivan, que foi um jogador com o qual comecei a conquistar os títulos maiores, como Masters 1000 e Grand Slam, toda mudança gera uma certa insegurança, uma certa dúvida, em especial pelo começo de ano que tive com o Lukasz. Mas no fundo sempre acreditamos que poderíamos formar uma bela dupla, o Kubot também já tinha conquistado vários resultados em torneios grandes . É como eu falei no início do ano, que era só encontrar um equilíbrio de jogo entre a gente, porque sabíamos que tínhamos o nível técnico necessário”, declarou o mineiro.
Os resultados da dupla começaram a aparecer em Indian Wells, onde foram vice-campeões. Antes do torneio californiano, Melo e Kubot tinham conquistado apenas quatro vitórias e cinco derrotas, causando rumores de separação na imprensa esportiva. “Tivemos uma conversa muito boa em Acapulco e que foi praticamente um clique para nós. Acho que um dos fatores pra gente não ter se encontrado antes foi essa falta de equilíbrio e a ansiedade por resultados. Já tínhamos sido campeões no torneio de Viena por duas vezes seguidas, então gerou uma ansiedade no início do ano. Quando fomos campeões lá, o Lukasz não tinha parceiro fixo e eu estava com o Ivan, não tinha pressão. Então era questão de acalmar os ânimos e colocar as coisas em ordem, tentar encontrar um caminho e sempre ter conversas positivas, o que acho que foi o principal para a gente. E deu no que deu!”, continuou o mineiro, destacando a positividade da dupla.
Melo também teve um destaque fora das quadras. A amizade do brasileiro com o alemão Alexander Zverev, número 4 do ranking de simples, foi muito comentada nas redes sociais, e o mineiro explicou que o respeito é a base de tudo. “Tênis é um esporte extremamente competitivo e, na maioria das vezes, individualista. Em teoria, não tenho nenhuma competição com o Sascha (Zverev). É difícil um simplista ter tanta amizade com outro simplista, eles se enfrentam o tempo todo. Bom, não sei como que isso funciona lá do lado da simples, mas nós, duplistas, estamos mais acostumados a ter amizades no circuito, acho que pra eles é um pouco diferente. Com o Sascha, o principal foi o respeito que temos entre nós, especialmente vindo do meu lado, por ele ser mais novo. Nós conversamos bastante do circuito e jogamos os mesmos torneios, então trocamos muita informação. Começamos a ter um relacionamento mais próximo quando comecei a treinar um pouco mais com ele, que estava aprimorando a vinda pra rede e um de voleios, então acabou culminando nessa proximidade”, afirmou Melo.
Zverev, que disputou uma exibição no Next Gen Finals, torneio que reuniu as maiores promessas do tênis em Milão, contou com Marcelo como seu técnico na capital italiana. O mineiro avaliou as regras propostas pela ATP, concordando com algumas das medidas: “Foi bem interessante e acho que algumas mudanças acontecerão no tênis. A do relógio marcando os 25 segundos para o saque deveria começar desde já, é bom para todos os tenistas saberem quanto tempo demoram e evitar reclamações. A chamada eletrônica de linha tem que aprimorar um pouquinho, mas acho que é o futuro do tênis e também eliminaria qualquer tipo de erro. Agora, a do treinador poderia ser um pouco diferente. Podiam deixar o treinador no box e permitir que ele se comunique com o jogador, mas sem o microfone. Acho que as informações que o técnico passa para o atleta são muito particulares, as estratégias de jogo não deveriam ser compartilhadas na televisão.”
Em um ano marcado pela forte competitividade, Marcelo encerrou a entrevista avaliando a temporada, que contou com grandes duplas brigando pelos títulos. “A dupla, hoje, é muito competitiva. Os principais duplistas têm um nível de treinamento muito intenso. Cinco ou seis anos atrás você não via duplista viajando com treinador particular, preparador físico e fisioterapeuta, com uma equipe igual ou até com mais pessoas do que um jogador de simples. De tão competitiva que as duplas estão, com muitos jogadores de simples no circuito também, você tem que estar 100% em forma. Pra mim, o Finals desse ano foi o mais forte que já joguei. Sem querer desmerecer as duplas que não estavam lá, mas só tinham times que tiveram resultados excelentes o ano inteiro, constantes e com vários títulos conquistados. A dupla está num nível que nunca vi antes, e é por isso que temos que estar em constante evolução.”