Paralisado desde março pela pandemia do coronavírus, o tênis recebeu a notícia de que o retorno já tem data marcada. Nesta quarta-feira, seguindo a confirmação da realização do Masters 1000 de Cincinnati e do US Open, a ATP divulgou o calendário da retomada do circuito, que terá início no dia 14 de agosto com o ATP 500 de Washington. Após Washington, o tênis continuará em Nova Iorque, onde serão realizados os torneios de Cincinnati e o US Open, e depois seguirá para a Europa.

Com mais de três meses parados, Marcelo Melo, Bruno Soares e Marcelo Demoliner tentaram aproveitar a quarentena ao máximo, seja treinando, curtindo a família ou focando em algo novo. Com a incerteza de quando o circuito retornaria, os brasileiros buscaram não perder o foco durante o período. Ao blog, os duplistas refletiram o momento, a notícia do retorno do tênis e mais.

Nesta quarentena estou treinando em quadra três vezes na semana e físico outras três vezes. Todo dia alguma coisa para não ficar parado o dia inteiro e realmente manter a condição física. Agora, com esse retorno dos torneios, vamos voltar com a rotina de treino normal, treinando todo dia e em dois períodos com físico e tênis. É muito difícil manter o treino forte por muito tempo, então a gente focou em manter o condicionamento e esperar saírem as notícias para voltar à rotina de treino pesado e chegar bem nos torneios.

Marcelo Melo

Olha, a vida na quarentena está… estranha? Muito tempo em casa. Eu nunca tinha tido essa oportunidade, então estou aproveitando para passar bastante tempo com a família. E tenho estado bastante ativo, trabalhando nos meus outros projetos paralelos ao tênis, então me mantive bem ocupado… Mas, obviamente, louco pra jogar tênis como todo mundo. Que situação maluca, né? A gente sem saber o dia de amanhã, sem saber no que acreditar, nas notícias, no que falam… O mundo está de cabeça pra baixo. O negócio é a gente fazer a nossa parte e contribuir com as medidas necessárias para que isso aí passe o mais rápido possível.

Bruno Soares

A minha rotina está bem de uma pessoa sedentária… Não, mentira. (risos) Eu tenho aprimorado bastante o meu físico. Estou treinando bastante só físico já tem umas 4 semanas, mas não muito o tênis. Tenho batido uma bolinha apenas uma ou duas vezes por semana. Na semana que vem vou começar com os treinamentos com bola. Ainda temos bastante tempo para treinar e 6 ou 7 semanas já é o suficiente para esta “pré-temporada”. E aproveitei bastante a quarentena para recarregar as energias, que já estavam na reserva depois de tantos anos viajando.

Marcelo Demoliner

O anúncio de que o US Open será realizado veio na última terça-feira e os duplistas comemoraram o retorno do tênis, mesmo que aos poucos e um pouco diferente do normal. Por enquanto, para Cincinnati e US Open, testes do coronavírus serão feitos em todos os atletas antes de suas viagens aos Estados Unidos e também durante a competição, com uma frequência de 1 ou 2 testes semanais, além de uma checagem diária da temperatura corporal. Caso dê positivo, o atleta será eliminado da competição e isolado. As medidas podem mudar conforme a situação em agosto.

É muito legal o tênis poder voltar em agosto. Independente de todos os procedimentos que vamos ter que passar, acho importante estarmos jogando, com os fãs podendo acompanhar pela televisão e movimentar o tênis, mas sempre com segurança. A gente estava sem expectativa e poder ver que existe uma opção para o tênis voltar, pra mim, foi muito legal.

Marcelo Melo

Me sinto bastante feliz em ver o tênis de volta, foi um período longo e muito complicado para todos. Não só para nós do esporte, mas para todo o mundo e realmente estou animado com a volta. Sei que vai ser de uma maneira um pouco diferente, mas acho que no início vai ter que ser assim, com muitas medidas de segurança, e espero que dê tudo certo. Eu e o Mate (Pavic) temos conversado bastante e agora precisamos alinhar as ideias, de se encontrar, treinar antes de começar, etc. Estamos bem empolgados.

Bruno Soares

Estava muito ansioso para saber quando iria competir. Gosto muito de competir, então já estou com muito saudade. A questão da quarentena em si, do vírus, nós temos muitas incertezas e tomara que o pessoal consiga agilizar alguma vacina, mas é muito difícil ser antes de setembro. Estou feliz que vou poder voltar a jogar, mas ainda com um pouco de receio… Nós vamos nos expor bastante se as condições ficarem como agora, até porque Nova Iorque é o maior epicentro da pandemia.

Marcelo Demoliner

Para minimizar a possibilidade de contágio e conseguir executar os torneios, o Masters 1000 de Cincinnati acontecerá no mesmo complexo que o US Open, em Nova Iorque, e ambos os torneios adotarão uma série de outras medidas que incluem estádios sem a presença de fãs, uma quantidade reduzida de tenistas competindo e ajustes em todo o complexo visando a segurança de todos presentes.

As medidas adotadas são as que têm que ter mesmo, estamos lidando com jogadores do mundo inteiro. Essas precauções foram baseadas no jeito em que as coisas estão hoje, então vamos torcer para que esteja melhor daqui dois meses e, de repente, não ser tão restrito assim. Mas essas restrições são coisas que conseguimos fazer tranquilamente, não é nenhum sacrifício. As medições, ficar no hotel e somente ir para o complexo… em prol do tênis, da saúde dos jogadores e de todas as pessoas que vão trabalhar lá, é muito importante que a gente siga essas medidas.

Marcelo Melo

Nós temos feito reuniões do Conselho dos Jogadores a cada 15 dias e teve muita conversa com os torneios, com o US Open… É muito duro o trabalho da ATP de tentar achar soluções, fazer a coisa da melhor maneira possível e tentar ajudar todo mundo. O pessoal do nível Challenger… Hoje, com a situação, existe uma dificuldade muito grande de realizar Challengers com toda a logística, custo e segurança necessários para realizar um torneio deste nível, então eles têm conversado muito com a gente para entender. E, bem, as medidas de segurança do US Open são necessárias. Eles estão pintando um cenário como se o torneio começasse hoje, baseado em como a situação está no momento, já que é difícil prever o futuro. Nós podemos chegar lá no US Open e a situação estar muito melhor, da mesma forma que pode vir uma segunda onda do vírus, a coisa piorar e cancelar o torneio.

Bruno Soares

Acho que eles estão fazendo o possível para diminuir o risco. Achei algumas medidas legais, mas só na hora que a gente vai sentir na pele. O US Open pressionou bastante a ATP para acontecer. Não só eles, mas vários torneios. Enfim, eles fizeram as melhores medidas possíveis no momento. Eu acredito que vai ter muita gente ali do circuito que vai estar em desvantagem e, de certa forma, é uma pena e uma injustiça com esse pessoal de não ter a chance de jogar. Mesma coisa com as duplas, que a chave vai diminuir pela metade. Muita gente que vai ficar fora e é um pouco injusto pra eles. Vou tentar aproveitar essa oportunidade para, primeiro, ter uma receita, já que estamos desde março sem jogar, e também para melhorar o ranking e subir mais, que era e ainda é o meu objetivo em 2020.

Marcelo Demoliner

A diminuição da quantidade de tenistas que disputarão o torneio afetará as duplas, com as chaves masculina e feminina sendo reduzidas de 64 times para 32. As chaves de qualifying, duplas mistas, juvenis e cadeirantes não acontecerão. Nas duplas, apenas tenistas com ranking de duplas poderão disputar o torneio e Melo, Soares e Demoliner não será afetados, mas lamentaram a ausência de companheiros e explicaram o porquê do corte.

Cortar a dupla pela metade foi um dos pré-requisitos para realizar o torneio, tirar essa quantidade de jogadores. Logicamente preferíamos que todos tivessem a oportunidade de jogar, mas é difícil agradar todo mundo nesta situação. Uns acabam saindo favorecidos e outros prejudicados. É importante a ATP tentar afetar a menor quantidade de pessoas possíveis, tanto atletas quanto as pessoas que estão trabalhando, e acho que foi o caminho que eles encontraram. Aliás, a princípio seriam 24 duplas, mas conseguiram colocar 32. Mais pra frente não sei como será, imagino que seja uma medida temporária, só para este torneio. Quase certeza que os outros torneios não serão assim e que Roland Garros será normal, só os pontos, que provavelmente serão reduzidos, mas temos que olhar pro lado positivo de que vamos estar jogando.

Marcelo Melo

Essas medidas não só afetam as duplas, mas também todo mundo. O US Open tem uma série de restrições que fogem do controle deles, que vêm do governo, de quantas pessoas podem estar no clube e, infelizmente, os jogadores foram afetados. Mas a gente tem que ver o lado de que eles estão tentando executar o torneio e de que vai ter uma ajuda financeira pros jogadores afetados. Além disso, também vão ter Challengers nos EUA e na Europa na mesma época do US Open justamente para criar uma oportunidade pra essa turma também, então eles estão tentando. Tem muita coisa que foge do nosso controle, estamos totalmente presos.

Bruno Soares

Como a entrada será apenas com ranking de duplas, acredito que a maioria dos duplistas que iriam jogar o torneio vão conseguir entrar, então acaba cortando mais simplistas mesmo. Achei bacana e justo que somente permitiram os duplistas na chave, até porque os simplistas já vão jogar a chave de simples e já vão ter uma receita, então a medida acaba ajudando todo mundo que vai conseguir jogar. Já sobre se as duplas terão problemas mais pra frente… Olha, talvez sim, porque só o US Open vai adotar essa medida de apenas ranking de duplas pra entrada na chave, sabe? Acredito que vai ficar mais difícil de entrar nos torneios. É tudo uma incerteza ainda porque só vamos saber mesmo quando começarem os torneios. É aproveitar o que eu conseguir jogar para melhorar o ranking e depois conseguir entrar em mais torneios.

Marcelo Demoliner

Após o US Open, o tênis seguirá para o saibro na gira europeia, começando em Kitzbuhel e terminando em Roland Garros. O calendário após o Grand Slam francês, assim como o futuro, segue incerto, mas com planos de realizar os torneios indoor, incluindo o ATP Finals. O ATP 500 de Tóquio, que faz parte da gira asiática, já anunciou o seu cancelamento. Confira o calendário:

  • 14/08 – ATP 500 de Washington
  • 22/08 – Masters 1000 de Cincinnati
  • 31/08 – US Open
  • 08/09 – ATP 250 de Kitzbuhel
  • 13/09 – Masters 1000 de Madri
  • 20/09 – Masters 1000 de Roma
  • 27/09 – Roland Garros
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