Os convites de Wimbledon foram anunciados e cinco times, todos com presença de britânicos, receberam uma vaga na chave principal.
Corrie/Smethurst, Evans/Ward, Fleming/Hutchins, Delgado/Muller e Edmund/Stakhovsky foram os contemplados com uma vaga na chave principal, sendo apenas Gilles Muller e Sergiy Stakhovsky de outros países, enquanto Rice/Thornley e Burton/Willis, também britânicos, receberam convite para o torneio qualificatório.
O qualifying oferece quatro vagas na chave principal e conta com a presença do gaúcho Marcelo Demoliner, que disputa a chave ao lado do indiano Purav Raja.
Wimbledon é o torneio favorito da maioria dos tenistas, principalmente dos duplistas. Além de ser Wimbledon, com toda sua tradição e excelência, é o único torneio da tour que oferece qualifying para as duplas e os jogos são em melhor de 5 sets. Nada de match tie-break (ruim pro meu blog que fica sem merchan ambulante), o quinto set é longo e vemos batalhas épicas e longas durante as duas semanas.
Falando em épico, a grama inglesa ganhou tons de azul e amarelo esse ano. Os brasileiros mostraram que não vieram para brincar. Em seu torneio favorito, Marcelo Melo fez sua segunda final de slam (a primeira foi nas mistas em Roland Garros 2009, com Vania King), em uma campanha sólida, eliminando fortes adversários como Mirnyi/Tecau e Paes/Stepanek. Mais do que isso, fez história. Tornou-se o primeiro brasileiro a chegar na final de duplas masculinas e, junto com Bruno Soares, os primeiros desde Maria Esther Bueno em 1967 a chegar numa final de Wimbledon.
O mineiro e o croata mostraram como o time é entrosado e que nem as maratonas que Dodig precisou enfrentar os impediram de jogar em alto nível. Esta é apenas a segunda final da parceria, sendo a primeira em Memphis, no ano passado. Lugar de girafa é na grama mesmo. #seguraagirafa
Foto: Julian Finney/Getty Images Europe
Na final, enfrentaram os irmãos Bob e Mike Bryan, que também buscavam um recorde inédito: com a vitória em Wimbledon, são os únicos duplistas da história campeões dos quatro Grand Slams e medalha de ouro nas Olimpíadas ao mesmo tempo, o Golden Slam. Aliás, como Mike Bryan nomeou, ““O Golden non-calendar Bryan Slam. São muitas palavras”. O chamado ‘calendar Grand Slam’, que consiste em ganhar os quatro slams seguidos, só foi conseguido uma vez, pela dupla australiana Ken McGregor e Frank Sedgman em 1951.
Os irmãos, aliás, aumentaram a incrível sequência de vitórias seguidas para 24. Os americanos não perdem uma partida desde o Masters de Monte Carlo, quando caíram para Benneteau/Zimonjic na final. Desde então, colocaram no bolso os títulos de Madrid, Roma, Roland Garros e Queen’s, sendo dois deles (Madrid e Queen’s) disputados com Peya/Soares.
Bob Bryan, antes da final, falou um pouco sobre enfrentar Dodig e Melo: “Quando você joga contra um time novo, às vezes você está jogando contra o time durante a lua de mel deles. Tudo é novo e fresco. Estão atirando para todos os lados. É difícil. Quando um time novo dá certo, você realmente tem que assistir um vídeo deles e tentar descobrir o que que eles estão fazendo de diferente.”
Apesar de terem atingido o 15º slam, a mídia americana parece não dar bola. Em Wimbledon, noticiaram que todos os americanos haviam sido eliminados do torneio, o que pareceu um pouco estranho para os irmãos. Mike Bryan explica que “Os fãs hardcore de tênis adoram duplas, mas o fã normal de esportes não sabem nada. Eles amam estrelas. Duplistas não são estrelas.”
Nas mistas, Bruno Soares mostrou mais uma vez porque figura entre os melhores. Ao lado da norte-americana Lisa Raymond, foram os únicos da chave a não perder set no caminho para a final. Apesar de ser apenas o segundo torneio juntos, são dois tenistas sólidos, bons em todos os golpes e que procuraram não dar chances para os adversários. Receita para o sucesso.
A campeoníssima Raymond, dona de, agora, 12 títulos de Grand Slam, disse que se sentiu segura com Bruno durante a semana toda, o que resultou numa campanha perfeita no caminho para a final.
Na final, enfrentaram a forte dupla formada pelo canadense Daniel Nestor e a francesa Kristina Mladenovic, que vêm de final em Roland Garros, onde perderam para os tchecos Frantisek Cermak e Lucie Hradecka. Mladenovic foi sólida durante toda a partida, principalmente nas devoluções, encaixando paralelas maravilhosas. Nestor demorou para entrar no jogo, mas no segundo set o saque finalmente entrou, confirmando facilmente o serviço. Raymond teve dificuldade em variar seu saque e o jogo da americana com Bruno pareceu não encaixar em momentos cruciais.
Foto: Thomas Lovelock/AELTC
Formalidades e estatísticas à parte, é muito bom ver que o tênis brasileiro voltou a ser referência mundialmente, sendo respeitado no circuito, e que o público está começando a se interessar por duplas. Mais do que isso, o público perceber que não é só de simples que vive o tênis. Os jovens que estão começando podem ver que ser duplista também é carreira, não última opção.
Num país que respira futebol, foi bom ver o Jornal Nacional noticiando as classificações de Melo e Soares para a final. Foi bom ver todos vocês comentando nas redes sociais e torcendo muito por nossos tenistas. Foi bom ver a mobilização que vocês fizeram para pedir a transmissão das finais no Sportv. São nessas pequenas coisas que o tênis se apoia, se promove e cria interesse.
A ideia do título deste post se apoia justamente nisso: é bom olhar para nossa própria grama e ver que ela é tão verde quanto a do vizinho. Eu acredito no tênis brasileiro, e você?
Wimbledon 2013 – campanha dos brasileiros nas duplas
Duplas masculinas
André Sá e Marcelo Demoliner 1ª rodada: Bryan/Bryan 6/4 6/4 6/1 Demoliner/Sá
Bruno Soares e Alexander Peya (Áustria) 1ª rodada: Peya/Soares 6/4 3/6 6/3 6/4 Butorac/Ram 2ª rodada: Peya/Soares 4/6 6/1 6/7 7/5 10/8 Hanley/Smith 3ª rodada: Bopanna/Roger-Vasselin 6/4 4/6 7/6 6/2 Peya/Soares
Bruno Soares e Lisa Raymond (EUA) 1ª rodada: bye 2ª rodada: Raymond/Soares 6/2 6/3 Husarova/Polasek Oitavas: Raymond/Soares 6/3 6/4 Arvidsson/Nielsen Quartas: Raymond/Soares 7/6 7/6 Barty/Peers Semi: Raymond/Soares 6/4 6/4 Dushevina/Rojer
Final: Mladenovic/Nestor 5/7 6/2 8/6 Raymond/Soares
Marcelo Melo e Liezel Huber (EUA) 1ª rodada: bye 2ª rodada: Huber/Melo 4/0 (ret) Schiavone/Ram Oitavas: Barty/Peers 6/4 1/6 6/2 Huber/Melo
Juvenil – duplas masculinas
Rafael Matos e Marcelo Zormann 1ª rodada: Kokkinakis/Kyrgios 4/6 6/3 6/4 Matos/Zormann
Juvenil – duplas femininas
Carolina Meligeni Alves e Sara Tomic (Austrália) 1ª rodada: Alves/Tomic 6/2 6/1 Ferro/Lombardo 2ª rodada: Alves/Tomic 6/4 6/7 6/0 Brogan/Lumsden Quartas: Krejcikova/Siniakova 6/4 6/0 Alves/Tomic
Brasileiros que possuem títulos de Grand Slam
Maria Esther Bueno Simples:
Wimbledon (1959, 1960, 1964)
US Open (1959, 1963, 1964, 1966) Duplas:
Australian Open (1960)
Roland Garros (1960)
Wimbledon (1958, 1960, 1963, 1965, 1966)
US Open (1960, 1962,1966, 1968) Mistas:
Roland Garros (1960)
Thomaz Koch Mistas: Roland Garros (1975)
Gustavo Kuerten Juvenil (duplas): Roland Garros (1994) Simples: Roland Garros (1997, 2000, 2001)
Tiago Fernandes
Juvenil (simples): Australian Open (2010)
Bruno Soares
Mistas: US Open (2012)
Brasileiros que fizeram final em Grand Slam
Juvenil: Ivo Ribeiro, Ronald Barnes, Edison Mandarino, Thomaz Koch, Luis Felipe Tavares, Ricardo Schlachter, Guilherme Clezar, Beatriz Haddad Maia Profissional: Maria Esther Bueno, Cláudia Monteiro, Cássio Motta, Jaime Oncins, Marcelo Melo, Bruno Soares